quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

walking in the city

Caminhava pela rua em que morava. Ia privilegiadamente a pé e sem pressa rumo a um compromisso. Seguindo regras um tanto o quanto básicas de sobrevivência, parou na esquina antes de atravessar a rua e olhou para os lados. Ao ver o ônibus parar bem antes do cruzamento, voltou a cabeça para o alto, em busca de um sinal vermelho, ainda que soubesse que ali não havia sinal. O ônibus piscou o farol, confirmando a gentileza. Ao atravessar, acenou ao condutor para agradecer, e viu que um cadeirante também atravessava a rua. Pode então entender melhor o comportamento daquele motorista, que passou a admirar. Ficou ainda mais feliz quando viu que, na calçada, havia uma rampa para a cadeira de rodas, e sentiu na boca um gosto bom de civilidade e cidadania. Não estava em Oslo, mas em Niterói. Lembrou-se então que já há algum tempo vinha reparando que, no sempre congestionado Centro do Rio, um número crescente de motoristas parava antes da faixa de pedestres, mesmo com o sinal aberto para seus veículos, e só seguiam adiante certos do espaço suficiente, para que não fossem eventualmente obrigados a parar bem no meio da faixa, interrompendo o fluxo de pedestres, inútil imbecilidade que o deixava extremamente irritado.