segunda-feira, 20 de abril de 2009

Achados e Perdidos – Parte III : Roubado?

Ato final

Dusseldorf, Inverno 2009. Coloco a carteira no bolso traseiro da calça jeans e com pressa dirijo-me à estação de trem. Meu irmão me acompanha durante os 15 minutos de caminhada. Um pouco antes de embarcar, tateio o bolso e não sinto a carteira. Procuro na mochila, nos bolsos do casaco, mas apenas por desencargo, pois tinha a certeza de que a havia colocado no bolso traseiro da calça. Impossível saber ao certo o que ocorrera : se ela simplesmente caíra do bolso, ou se me fora subtraída por um exímio batedor de carteiras.

O trem partiria em poucos minutos. Despeço-me do meu irmão, que corre para refazer o caminho. Tínhamos a esperança de que a carteira pudesse ter caído na escada do prédio ou no próprio apartamento onde eu havia passado a noite.

Sento-me no trem e faço um esforço para não pensar nos 2 cartões de crédito, no cartão do banco, na Carte Vitale, no Titre de Séjour e nos 200 euros perdidos. Algum tempo depois meu irmão me ligaria para dizer que, infelizmente, ele não encontrara a carteira.

Durante a viagem de volta aproveito para cancelar meus cartões de crédito. E torço para não ser controlado pela polícia, pois apesar de estar com o passaporte, a falta do Titre de Séjour, que acabara de perder, poderia me causar problemas.

Ao chegar em Paris vou imediatamente à polícia fazer uma declaração que certamente seria necessária para a demanda de segunda-via do meu titre de séjour, cuja renovação estava marcada no dia seguinte. Chega a minha vez, explico o ocorrio ao policial, que me pede para precisar se a carteira fora perdida ou furtada. Explico que não sei. Ele no entanto precisa de uma definição. Opto pela segunda opção e obtenho uma declaração de furto.

No dia seguinte consigo renovar sem problemas o titre de séjour. Alguns dias depois chegariam os novos cartões de crédito, o que faria novamente de mim um cidadão nesta terra. Com o visto renovado, ficaria faltando apenas refazer a Carte Vitale que, juntamente com os 200 euros, seria o inconveniente maior da perda.

Algumas semanas se passam e, ante a falta de coragem para enfrentar a burocracia francesa, vou empurrando com a barriga a solicitação da segunda-via da Carte Vitale, o que finalmente se mostraria uma boa escolha quando, num belo dia, recebo um envelope proveniente da Alemanha, cujo conteúdo me surpreenderia: todos os documentos que estavam na carteira perdida, incluíndo cartões de crédito e também a Carte Vitale. Só faltavam mesmo os 200 euros. Mas aí, já seria querer abusar muito da sorte . . .

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