segunda-feira, 25 de outubro de 2010

vol de nuit


Ou Lua da Janela ii

Acordara de madrugada, com a presença, de certa forma intrusiva, da lua em seu quarto. Sua luz, projetada pela janela, recortava o chão sob a forma de um retângulo azulado e tornava nítidas as silhuetas da mobília.

Levantou-se preguiçosamente, abriu a porta que dava acesso à varanda e apoiou as duas mãos na grade de proteção. Admirava a lua cheia e a noite magníficas quando, subitamente, a grade cedeu.

Caindo no vazio, grita de terror e fecha os olhos para não ver o chão se aproximando. O que nunca ocorre. Quando isso torna-se evidente, a queda livre torna-se confortável. Em certo momento, o movimento muda de direção, de vertical, passa à horizontal.

Mais um sonho daqueles, mais um vôo noturno, nos quais as imagens são, por alguma razão desconhecida, mais nítidas que nos outros sonhos. Passa por cidades e por lugares de natureza estupenda, e a noite vira dia. Aproxima-se do chão e reconhece nas pessoas a fisionomia típica dos orientais. Elas no entanto estão em pânico. Percebe então que está sobrevoando uma cidade em pleno terremoto. O pesadelo tornara-se recorrente, porém não duraria muito tempo, posto que logo seus olhos se abririam para perceber o mesmo retângulo azulado de antes.

O sono tranquilo e sem sonhos vem de imediato. Ao acordar, lembra-se das duas fatias de pesadelo recheadas de um sonho muito agradável. Liga seu computador para iniciar o dia de trabalho e, ao ver as manchetes do jornal, um calafrio lhe percorre a coluna: “terremoto no Japão mata 200 nesta madrugada”.

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