sábado, 2 de abril de 2011

Bueiros pipoca e a energia nuclear no Brasil


Estava estarrecido. Perguntava-se, de forma cada vez mais freqüente, se seria mesmo tão maravilhosa sua cidade natal, na qual a vida seguia entre bueiros que estouravam como pipoca, ferindo moradores e turistas, e entre as sentenças de morte que os próprios policiais julgavam e executavam sumariamente, sem recurso nem dó.

Pensou na belíssima Angra dos Reis, densamente povoada, onde foram instalados dois reatores nucleares durante o vergonhoso regime militar. Pensou na vulnerabilidade do país e daquela região especificamente, e nos impactos dos desastres naturais amplificados pelas falhas crônicas das instituições do seu querido patropi. Pensou no recente e gravíssimo acidente do Japão. Pensou na questão da transparência das informações em caso de acidente, e lembrou-se dos policiais que, em plena democracia, ainda torturavam e executavam, herança do regime militar, tal qual os reatores. Comparou a eficiência das instituições brasileiras e japonesas, lembrou-se dos bueiros explodindo como pipoca, dos incêndios recentes causados por um simples mal uso de maçaricos - mas que estragaram o carnaval de três escolas de samba e destruíram boa parte de um monumento histórico, onde ele por sinal havia feito seus estudos. Subitamente teve medo e repulsa por Angra 1 e 2 e desejou, com todas suas forças, que desistissem imediatamente daquela loucura chamada Angra 3.

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