segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Simplesmente Cassis

O licor de cassis é bastante usado no Brasil para incrementar o creme de papaia - comum nas churrascarias rodízio - e também na França, misturado ao vinho branco ou ao champanhe, para se fazer o tradicional kir e a sua versão royal.

Mas além da fruta e do licor, Cassis é também um vilarejo turístico que fica a sudeste de Marseille e que não deixa de lembrar Paraty, mesmo tendo-se em mente as diferenças entre as duas belas cidades, que não são poucas. Talvez esta aproximação seja apenas mais um exemplo de como a subjetividade e a saudade podem influenciar avaliações e comparações.

Cassis tem como principais atrações seu pequeno e velho porto (transformado em marina), com seus bares, restaurantes e lojas; seus vinhedos (a apelação Cassis é bastante conhecida, sobretudo graças ao vinho branco da região); suas praias; o Cap Canaille e também as Calanques.

Ah, as Calanques... Pequenas baías em forma de V, que vão de Cassis até Marseille, nas quais o já calmo mediterrâneo se torna uma verdadeira piscina azul-turquesa. Um paraíso, sobretudo para quem gosta de nadar e do contato com a água do mar. Existem 14 calanques, entre as quais Port-Pin, Port-Miou e En-Vau, as mais próximas de Cassis, que podem ser acessadas com uma caminhada repleta de subidas íngrimes.

É possível também fazer o passeio de barco, saindo do porto de Cassis ou de Marseille. Ainda que dos barcos veja-se muito bem o esplendor tanto das falésias que formam as calanques, quanto das suas águas transparentes, o passeio é curto, e o melhor mesmo é passar pelo menos uma boa parte do dia em uma delas, de preferência na de En-Vau, sem dúvida a mais bonita entre as três calanques citadas.

O Mistral, famoso vento da região, apesar de ajudar a abrir o tempo, faz com que a temperatura da água caia drasticamente, além de deixar o mar agitado, a ponto de, às vezes, impedir o passeio de caiaque. O Mistral, que pode chegar a 100 km/h, resseca o ar e a vegetação por onde passa, e quando ele sopra, o risco de incêndio em geral aumenta bastante. Neste caso, o acesso por terra e a permanência nas calanques são proibidos.

Para quem prefere um contato mais direto com o mar, uma outra possibilidade é fazer o percurso de caiaque, que podem ser alugados no porto de Cassis, de onde se chega às calanques com menos de uma hora de remada bastante segura. Além do mar ficar bem calmo com bastante frequência, os cerca de 3 km que separam o porto das primeiras calanques são protegidos, de um lado, pela costa rochosa e, de outro, por boias que demarcam a área na qual a entrada dos barcos a motor é proibida.

Aqueles que estão em forma, conhecem o mar, sabem e gostam de nadar, podem, inclusive, deixar o caiaque de lado para irem a nado. Se forem acompanhados por alguém em caiaque, a aventura torna-se ainda mais segura.

Nas falésias é comum de se ver alpinistas ou ainda saltadores. Estes últimos usam como base para seus sensacionais mergulhos no mar as diversas plataformas formadas naturalmente nas falésias. Os saltos mais ousados podem chegar a mais de 20 metros!

Os meses de agosto e julho são os mais quentes, porém também os mais cheios. Em períodos de média temporada (maio, junho e setrembro) é possível juntar dias quentes e ensolarados com baixa frequentação turística, o que torna o passeio ainda mais agradável.

2 comentários:

  1. Cara, acabei de ler sua última crônica. Quando eu fazia Farmácia lá na USP de Ribeirão Preto, eu ganhei uma bolsa de iniciação científica (a idéia era extrair açúcar da casca do maracujá). Bom, foi a primeira grana mensal que eu ganhava, e com meu próprio "suor", rs. Aí pensei, "o que posso fazer de útil com essa grana?", que não era muita, de toda forma. Bom, assinei a Folha de S. Paulo. E me tornei leitor assíduo. Aí, à época, o Carlos Heitor Cony tinha o terceiro espaço na coluna central da página 2, embaixo. E ele escrevia crônicas muito interessantes, que prendiam sempre a minha atenção. A observação "que prendiam sempre a minha atenção" não é gratuita, porque meu interesse total eram matérias e artigos políticos. E o Cony escrevia sobre a vida no Rio, a Baía de Guanabara, às vezes sobre algum fato político, mas sempre com o olhar diferente do literato. Bom, tudo isso pra dizer que, não sei porquê, e vc pode discordar, mas suas crônicas me trazem à cabeça sensações que eu tinha quando lia o Cony. Com uma diferença que eu sinto clara: o Cony, às vezes, possuía um ironia que despertava na gente um ligeiro sorriso no canto da boca. Os seus textos não têm essa ironia (ops, eu acho que esse acento circunflexo no "têm" caiu no começo desse ano, rs), mas tem outra coisa. Meio que oposta à ironia. O que é "oposto" à ironia? Não sei ainda... Vou tentar definir melhor. Tento te falar nos próximos comentários...

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