segunda-feira, 24 de maio de 2010

Bye bye Paris


Estes meus últimos dias em Paris coincidiram com o XII Festival Jangada de Cinema. Consegui me organizar para ir ver alguns documentários sobre música ou sobre músicos brasileiros, inclusive alguns na véspera da minha partida, depois de 7 anos e meio na Cidade Luz.

Na saída de Beyond Ipanema, encontrei Pedro D-Lita, que eu conhecera por intermédio do Domenico Lancellotti, amigo em comum de quem gosto demais e cujo talento como artista (baterista, compositor, cantor, gritador, pintor) admiro muito.


Pedro ia tocar na festa de fechamento do festival, em alguns dias, com mais três outros DJs , todos também meus amigos: Bertrand Doussain, francês que eu conhecera no Rio pelo seu trabalho como flautista no Farofa Carioca, mas que fiquei conhecendo melhor em Paris; Chicote, de Olinda, idealizador do Rio Maracatu, radicado no Rio mas de passagem por Paris, e que eu conhecia já do Rio, da mesma época do Bertrand; e o Stéphane Nino, que há alguns anos integrara o programa Décalage Horaire, transmitido pela rádio livre Frequence Paris Pluriel (FM 106,3), ou pela internet, aos domingos, de meio dia às duas da tarde, horário de Paris.


Abre parênteses: O programa, que já tem 30 anos, é realizado por outro amigo, Paul Ghanem, e dedicado exclusivamente à música brasileira, da qual Paul é um grande conhecedor, colecionador e admirador. Além de música ao vivo e entrevistas com artistas brasileiros radicados ou de passagem pela França, o programa passa constantemente músicas e artistas que eu não conhecia. Há alguns anos, o programa passou a contar com uma crônica musical de cerca de 20 minutos, feita pelo Stheph, com quem também aprendi muito sobre música brasileira em solo francês. Fecha parênteses.


Pedro então me convidou para dar uma canja na festa, que seria no dia 19, na véspera da minha viagem. Apesar do meu avião para o Rio levantar vôo algumas horas apenas após o final da festa, agarrei na hora a oportunidade, com um misto de felicidade e gratidão, pois tocar com quatro amigos, no Alimentation Générale, na festa de fechamento daquele festival, era um convite irrecusável, ainda mais na fissura que eu estava, pois minha atividade de DJ está cada vez mais bissexta.


Aceito o convite, comentei com Pedro que eu tinha notado que Freestyle Love, do Stéreo Maracanã, grupo formado por ele, Maurício Pacheco, entre outros, fazia parte da trilha sonora do filme (Maurício havia feito parte do Mulheres Que Dizem Sim, com Domenico, Pedro Sá e Palito/ Bartolo). Comentei também que eu ira para o Rio em breve e que chegaria a tempo de ir a exposição de fotos de sua mãe, Lita Cerqueira, no espaço Oi Futuro do Rio.


No festival, vi ainda três outros documentários maravilhosos, com destaque para Dzi Croquettes, cuja existência até então eu desconhecia totalmente. Ao contar a história da trupe, repleta de alegrias e sucessos, sem esconder as tragédias e os fracassos, os diretores Tatiana Issa e Rafael Alvarez colocaram tanta emoção e sensibilidade no documentário que meus olhos pareciam uma cachoeira. Também me emocionei e aprendi muito com Loki, Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle, que assisti no mesmo dia.


Tamanha emoção que no dia seguinte tratei de acelerar o fechamento das malas para poder ver o filme que iria encerrar os festival, Os filhos de João Gilberto: o incrível mundo dos Novos Baianos, de Henrique Dantas. Fui com Thiago e Arnab, dois grande amigos, e aproveitei para me despedir deles na saída com uma cerveja. Emendei com outra despedida, jantar com Dominique, sem dúvida o amigo mais presente, e acabei chegando na festa pouco depois da meia-noite. Dois outros amigos queridos estavam presentes em clima de despedida: Venance, João e Felipe.


Curti um pouco a festa com os amigos e pouco depois de uma hora da matina fui para a cabine do DJ fazer um pouco de pressão para ver se conseguia tocar algumas músicas, já que a festa terminaria às 2h. Tava difícil tirar o Steph das carrapetas, até que o Said, o gerente do local, avisou que a música teria que parar à 1:40h, para decepção de todos, e para meu desespero, pois já era 1h30. Bom, 10 minutos é melhor do que nada, e tratei de colocar Freestyle love, em homenagem ao Pedro e ao filme Beyond Ipanema, e depois Besta é Tu, em homenagem à família Cidade Gomes e ao documentário sobre os Novos Baianos. E sobretudo porque estas músicas já faziam parte do meu repertório porque são boas para c.... e sempre fazem todo mundo dançar.


Aproveitei as poucas horas entre a festa e o vôo para terminar de arrumar minhas coisas e deixar o apartamento limpo para o próximo ocupante. Cheguei virado no aeroporto e dormi durante quase todo o trajeto.

A festa foi na terça 18/05. O vôo partiu de Paris na manhã do dia seguinte, e chegou ao Rio na própria quarta de noite. Na manhã do sábado seguinte, um pouco antes de pegar a estrada para Itaipava, passeava a pé pelo Leblon a procura de um lugar para sentar e tomar um expresso. Entro em um café que ainda não conhecia, com mesas na calçada, numa rua transversal à praia. A varanda estava lotada. Sentamos numa mesa na parte de dentro. Fiquei de frente para a parede, onde reparei duas belas fotos em preto e branco do Rio, dos lugares onde morei até ir para Paris: Lagoa e Ipanema. E ao prestar mais atenção, vi que as fotos foram tiradas pela mãe do Pedro, Lita Cerqueira, cuja exposição faz parte dos meus planos da semana.


Tamanha coincidência teve que ser postada imediatamente no facebook. Pedro e Marcinha responderam na hora, e ela me sugeriu fazer uma crônica, que por sinal acaba de terminar.

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