domingo, 20 de junho de 2010

O nada por fronteira


O infinito sempre o obcecou. Não os conceitos matemáticos, tais como as dízimas ou os limites tendendo ao infinito. Estes não lhe causam problemas. Mas o universo e suas fronteiras, estes sim, vêm lhe angustiando. Sua mente não tem o poder de abstração suficiente para considerar a existência ou a inexistência de limites ao espaço sideral. Qualquer tentativa de imaginar uma eventual circunscrição do universo lhe traz um mal estar físico esquisito, difícil de descrever, como um fluido gelado percorrendo de alto a baixo o interior da coluna, somado a uma sensação de vazio no estômago, como se houvesse sido engolido o próprio universo, cuja ausência de limites vem sendo traduzida, de forma consciente ou não, em seu alucinado comportamento.

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