segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sobre os Cariocas e a Lua


Reza a lenda que no Rio de Janeiro, as pessoas não trabalham nem estudam, vivem na praia e adoram a lua. Dizem ainda que um destes cariocas, em um destes dias (de aula, claro), depois de uma sessão de surfe em Ipanema, que se estendera até depois do sol se pôr atrás dos Dois Irmãos, viu, aos 13 anos, e pela primeira vez em sua vida, a lua nascer cheia e vermelha,do mar, entre o Arpoador e a ilha do farol.

Um misterioso clarão vermelho antecedera o espetáculo e chamara sua atenção. Seria um incêndio em algum barco? Logo depois, a lua cheia, nascendo vermelha de um horizonte sem nebulosidade alguma, totalmente límpido, esclareceu o mistério.


Desde então, dizem, o garoto entrou em estado de choque admirativo profundo e eterno.


Passou então a procurar, obsessivamente, a repetição daquela cena tatuada em sua mente, que ele sempre tentou descrever, mas que nunca conseguiu fazê-lo com justeza.


Como bom carioca, não trabalha e passa o dia inteiro na praia. De tanto observar a lua, começou a entender um pouco seus mecanismos, sem nunca ter estudado nada a respeito, pois para os cariocas estudar na praia é um sacrilégio ainda maior do que apenas estudar.


A primeira coisa que ele descobriu com suas observações foi que, na medida em que a lua vai subindo, ela perde sua tonalidade de vermelho, passando pelo laranja e pelo amarelo antes de chegar ao branco.


Depois, percebeu também que a lua nasce sempre cerca de 50 minutos mais tarde em relação ao dia anterior, e que nos dias de lua cheia, sempre em torno das 18 horas, sem horário de verão (detalhe importante, pois fora no verão que ele vira a primeira e fatídica lua vermelha).


Reza a lenda ainda que este carioca teria se desvirtuado e passado quase dois meses em São Paulo. Dizem que ficou um pouco frustrado, quando em um dia de agosto de 2006, depois de 5 dias sem nuvens, ele viu, logo no começo da tarde, surgirem no céu as nuvens que o impediriam de aproveitar a vista privilegiada da Serra da Canteira para ver a lua nascer cheia e vermelha do horizonte.


Ela nasceu na direçao e no horário esperados, mas como ele previra, a nebulosidade impediu a lua de se mostrar vermelha. Antes de se descortinar, um clarão por trás das nuvens anunciara, por alguns minutos, sua vinda. E quando, por de trás das mesmas nuvens, por volta das 18h30, ela finalmente mostrou seu sorriso, já estava amarelada. Pouco depois, ficou branca de vez. O espetáculo foi bonito mesmo assim e atenuou um pouco sua frustração de ter perdido uma lua vermelha



Reza a lenda que nos dias de lua cheia este carioca pode ser visto perambulando no final de tarde em Ipanema com um olhar fixo no horizonte.

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