quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ego e Deus


A maior frustração de Ego foi descobrir que não era Deus. Sentiu-se perdido ao ter plena consciência de que ele era apenas ele mesmo. Foi um baque sério na sua autoconfiança, que até então era tanta que resvalava a arrogância e flertava com uma vaidade escabrosa. Nada como os golpes da vida para baixar a bola dos Deuses de plantão.

O egocentrismo, no entanto, ficaria como uma cicatriz em sua pele. Duas décadas mais tarde, Ego veria outro Deus, este vindo de um pouco mais ao sul do Equador que ele, baixar literalmente sua bolinha. A escovada que sua equipe levou na África do Sul foi um choque de realidade. Daqueles que fazem com que alguns “Deuses” percebam que são de fato humanos.

Foi fácil para Ego entender as razões do prazer intenso e inefável que sentira com a humilhação do técnico argentino. A hostilidade que ele sentia por Maradona tinha como justificativa a arrogância que o craque fanfarrão fazia questão de ostentar publicamente na mídia. Ego, porém, tinha plena consciência de que no fundo o incômodo existia porque Maradona o remetia à sua própria arrogância e ao seu próprio egocentrismo.

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