terça-feira, 28 de dezembro de 2010

lucid dream ii: the dream


Adormeço tendo, na véspera, me programado para tentar sonhar de forma lúcida. No primeiro despertar real, por volta das 5 da manhã, não trago, porém, lembrança de sonho algum. Impossível portanto saber se eu tivera ou não o tão esperado sonho lúcido.

Despeço-me do meu irmão e tento voltar a dormir, ainda pensando nas questões discutidas na noite anterior: sonho lúcido, paralisia do sono, falso despertar, entre outras.

Volto a adormecer e logo começo a sonhar. Tenho consciência de que sonho. O sonho lúcido viera. E ainda por cima, generoso, pois me concedia um certo controle sobre si. Decido descer uma montanha de neve em cima de um snow board. Dito e feito. Não controlo a forma da montanha, nem a velocidade da descida, mas consigo controlar mais ou menos as manobras. E a sensação é incrível, uma velocidade nunca experimentada por mim antes, e manobras com vôos impossíveis. Tudo vai bem, até que começo a cair, já sem a prancha no pé, sobre nuvens cinzentas, o que me traz uma sensação angustiante.

Acordo (ou melhor, penso ter acordado) no leito onde adormecera, mas a sensação de estar caindo, rodando, é ainda muito forte. Para ter certeza de que acordara, abro os olhos e vejo-me na cama, mas não consigo me mexer. Sleep paralysis, que me acomete com certa frequência desde pequeno (ou melhor, desde criança). E, se por um lado, o sonho lúcido ocorre em ambientes variados e é sempre prazeroso - pois nos permite escolher o que se quer fazer (voar, sexo, surfar, etc.) - a paralisia ocorre comigo sempre no mesmo lugar, ou seja, no leito em que estou antes de começar a sonhar. Ela vem sempre acompanhada de uma sensação sufocante e forte de opressão. A impossibilidade de me mexer, conjugada a uma sensação de peso sobre o peito e/ou de estar sendo imobilizado por alguém (e às vezes a visões de “seres estranhos” se aproximando) é mais do que desagradável. Chega a ser aterrorizante mesmo. À medida que o fenômeno se repetia comigo ao longo dos anos, o terror foi se reduzindo, transformando-se em medo apenas, até ser substituído por uma sorte de resignação.

Consigo - não sem esforço - sair finalmente do estado de paralisia. Levanto-me, bastante aliviado, como sempre depois deste tipo de fenômeno, e vou diretamente ao encontro do meu irmão para lhe contar sobre o sonho lúcido seguido de paralisia do sono que eu acabara de vivenciar. Começamos a conversar. A lembrança acerca dos assuntos falados com ele logo se torna tênue (lembro-me vagamente de ter mencionado um show da Teresa Cristina). Mais lacunas nas lembranças. Passo para a próxima cena, em que um gato sobe na cama, para logo em seguida ser expulso e ganhar uma bronca minha - pois sou alérgico. O bichano parece não ligar para minhas queixas, insiste e volta para a cama. Então eu o seguro com firmeza, imobilizando-o sobre o travesseiro, onde o folgadão decidiu ficar, mas logo me vejo em um impasse, pois receio que, ao soltá-lo, ele tente me arranhar. Decido então retirar minhas mãos de forma abrupta e, neste exato instante, acordo do segundo sonho que, ao contrário do primeiro, era, para mim, realidade até então. Com isso, pude concluir que o primeiro despertar que me tirou da paralisia fora falso, e que eu vivera consecutivamente os três fenômenos discutidos na véspera com meu irmão, ou seja, sonho lúcido, paralisia do sono e falso despertar.

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Neste dia 28/12, uma pessoa especial e muito talentosa faz aniversário. Com suas inescrituras, ela tem me deixado perplexo de admiração e pleno de uma inspiração que, por sinal, vem ajudando a alimentar este blog.

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