segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

lucid dream i: reality


Fazíamos um programa típico de domingo à noite, sobretudo quando se está em Sampa. Entramos eu, minha mãe, meu irmão e sua namorada – por conta de quem conversávamos em inglês, já que não falamos nem ucraniano, nem russo – numa destas pizzarias incríveis da capital paulista. O cenário lembrara ao meu irmão o filme O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante, de Peter Greenaway, comparação que se mostraria totalmente adequada à conversa que se seguiria.

Eu havia tido, na véspera, um sonho no qual eu tivera, durante alguns momentos, consciência de que se tratava de um sonho. Mais raro, eu conseguira ter algum controle (decidi voar) e me lembrar disto. Graças ao meu irmão, já sabia que eu havia tido um sonho lúcido e resolvi procurar por lucid dream na Wikipedia, o que me levou a ler sobre outros fenômenos relacionados, tais como sleep paralysis (que, aliás, tenho com muita frequência), false awakening, entre outros.

Meu irmão tendo estudado a fundo e desenvolvido bastante sua própria capacidade de sonhar lucidamente, a conversa do jantar girou em torno desses fenômenos. Repeti o que me lembrava de ter lido um pouco antes, e ouvi meu irmão dizer que abandonara a questão. Falamos dos filmes Waking Life (que eu vira recentemente, porém apenas parcialmente), e Inception (que eu vira duas vezes mas ele não) e que, ao meu ver, misturou à ficção muito do conhecimento atual sobre lucid dreaming.

Naquela mesma noite, antes de dormir, releio os verbetes da véspera, em especial lucid dream e aprendo que uma das condições necessárias para se desenvolver a capacidade de vivenciar o fenômeno é a de se recordar do sonho e que uma simples programação neurolinguística poderia me ajudar a fazê-lo. Decido então repetir em pensamento “vou sonhar lucidamente, vou controlar meu sonho e vou me lembrar dele”. Até adormecer.

Acordo com meu irmão entrando subitamente no meu quarto às 5 da manhã. Meu sono e meu sonho são interrompidos sem lembrança alguma e, portanto, impossível saber se este fora lúcido ou não. Levanto para ajudar meu irmão a encontrar um taxi, despeço-me dele em seguida e volto a dormir. O sono tarda. Penso em idéias para um texto envolvendo os fenômenos conversados no jantar. Começo então a desenvolver o roteiro de um fictício sonho lúcido em que sou um peão de um jogo de xadrez – um soldado medieval – derrotando outro peão em sua diagonal esquerda com uma espada no coração. Volto, enfim, a adormecer. Cerca de uma hora mais tarde acordo, tendo vivido, na ordem, sonho lúcido, paralisia do sono e falso despertar.

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