segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Concerto para Mudar Destinos

Melhor do que assistir a um concerto com vários artistas de qualidade em uma só noite é fazê-lo sabendo-se que os recursos arrecadados irão para uma bela causa, que fica ainda bonita quando se vê, durante o próprio concerto, a estrutura de voluntariado formada para viabilizar o espetáculo.

Foi exatamente o caso da terça-feira passada, 3 de fevereiro, quando se reuniram Sanseverino, Abd Al Malik, Emily Loizeau, Mathieu Boogaerts, Juan Rozoff, Albin de la Simone, Julie B. Bonnie, Spleen, Jean-Marc Zelwer, DJ Shalom, Noun Ya e l’Hilaire Penda Quartet, que atraíram uma mulditão à prefeitura de Montreuil, cidade limítrofe de Paris.

As pessoas que trabalhavam na organização do espetáculo, maior parte voluntária, eram numerosas, haja visto o tamanho do evento e a quantidade de artistas, e davam uma boa ideia da extensão da rede de solidariedade. Além do trabalho de organização, o evento foi viabilizado graças à participação, sem cachê, de artistas que lotam salas como o Zenith por exemplo, pelo empréstimo do equipamento de som e pela cessão, também sem custo, do espaço.

E nada mais lógico que músicos apoiando este bonito projeto que se chama Jeunes Musiciens du Monde, iniciativa de um casal franco-canadense que juntou a paixão pelo país de Ghandi e pela música a um valor cada vez mais raro: a solidariedade.

Este casal fundou, em 2002, a escola Kalleri Sangeet Vidylaya, situada em um vale próximo a cidade de Dhawad, estado de Karnata, sudoeste da Índia. Durante o concerto, foi exibido um vídeo emocionante sobre a escola, totalmente mantida pelo projeto Jeunes Musiciens du Monde. Praticamente no meio da floresta, a escola recebe filhos de camponeses. A maior parte das crianças já trabalha duramente no campo e muitas vezes chega à escola com os sonhos completamente destruídos pela vida difícil que levam. A escola é gratuita e em regime de semi-internato. Os alunos são portanto alimentados e recebem, além do ensino convencional, cursos de yoga e de música tradicional. E é neste ambiente caloroso e com um certo conforto material, apesar da simplicidade rústica das instalações da escola, que a música surte seu maior efeito, ou seja, de resgatar a auto-estima, a confiança e a esperança de mais de uma centena de crianças.

Uma gota d'água no oceano, mas sem dúvida uma iniciativa muito bonita, que aliás se multiplicou na França e no Canadá, onde são mantidas outras escolas, num total de quatro para o projeto. Quatro gotas d'água no oceano. Mas tem também o Afroreggae, Vigário Geral, Rio de Janeiro, que apesar de independente e diferente do projeto Jeunes Musiciens du Monde, tem em comum com este o objetivo primordial de resgatar os destinos de crianças pobres. E felizmente há muitos outros projetos do gênero, no Brasil e no mundo. E de gota em gota vão se formando as ondas que, por sua vez, arrastam consigo outras gotas.

Um comentário:

  1. "valor cada vez mais raro: a solidariedade"
    vc acha mesmo que esta ficando raro ? O mundo esta cada vez melhor, as gotas estao virando tsunamis !

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