segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um Sábado em Bruxelas

Estou em Bruxelas, hospedado na casa de Laure e Giuliano, um querido casal franco-italiano que mora na cidade há 4 anos. O passeio mais interessante da viagem porém não foi pelas ruas, mas sim o que acabo de fazer na discoteca de Giuliano.
Impressionado com as dezenas de centenas de CDs, sobretudo de música clássica e ópera, começo a fazer perguntas. Descubro assim que a classificação dos CDs é feita por ordem cronológica, seguida por compositor e gênero, para finalmente voltar à cronologia. Impossível para um leigo como eu encontrar algo, a não ser por acaso, na sua esplêndida discoteca.

Ao refletir sobre seu sistema de classificação, começo a perceber como funciona a cabeça de um musicólogo: a cronologia é fundamental. Metralho Giuli com perguntas e começo a conhecer um pouquinho sobre a história da música clássica e de seus compositores. Lanço um desafio: coloco um disco atrás do outro, a esmo, e em menos de 10 segundos, a resposta, sempre com o nome correto do compositor: Brahms, Debussy, Mozart, Bach, Vivaldi, Verdi, Liszt, Tchaikovisky, Stravinsky, Scriaban, Bartók, etc. Alguns segundos mais e o nome da obra, na maioria das vezes exato. Impressionante!

Uma ínfima parte de um mundo completamente novo para mim. Ao final, estava mais do que convencido do seu conhecimento e impressionado pela sua cultura musical. E quanto mais conheço deste universo em geral, mas descubro que não conheço nada.

O sol brilha, coisa rara em Bruxelas, e aproveitamos para fazer um longo passeio a pé, de Ixelles até o Canal de Bruxelas, que comparamos ao de Saint Martin, em Paris, apenas para ironizar, pois esta parte da capital européia, com seus armazéns abandonados, é realmente feia.

Voltamos na direção de casa e paramos para almoçar numa peixaria que existe há 25 anos, mantida por um simpático casal franco-belga, Joel e Bill, que há dez anos decidiu abrir um pequeno bistrô dentro da própria peixaria. Giuliano cumprimenta Joel como se fosse uma amiga de longa data e logo sinto-me em casa. A cozinha americana acentua esta impressão. A comida e o vinho são deliciosos.

Retomamos o passeio com uma parada final em um café. Giuliano pede um chocolate quente, e diante das dez possibilidades de tipos de cacau, simplifico e peço um café expresso.

No dia seguinte, um pouco antes de partir, aproveito para gravar alguns discos e, ao mesmo tempo para mostrar ao casal o texto que fala a seu respeito. Como eles não falam português, leio uma tradução grosseira para o francês. No meio da leitura, Giuliano me interrompe para perguntar a hora do TGV. Olho o relógio e corro fazer a mala para não perder o trem.

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